Cântico / Poesia

CÂNTICO

(AOS LARANJEIRENSES)

Minha terna Laranjeiras,

Terra das lindas palmeiras,

Adoro tudo que é teu;

Admiro os belos prados,

E adoro os lindos trinados,

Das aves que Deus te deu.

O teu passado eu bendigo,

E adoro o “Bom gosto” amigo,

Aonde vou me banhar;

Adoro a meiga corrente

Que canta canção dolente

Andando em busca do mar.

Adoro a tua Matriz,

Aonde a velhinha feliz

Vai rezar o seu rosário;

Amo o teu belo Cruzeiro

Que lá no cimo do outeiro

Nos lembra o Monte Calvário.

Amo a tua marujada,

E adoro a Pedra Furada,

Que nos encanta e fascina!

Gosto da policromia

E da coreografia

Da Taieira de “Bilina”.

Amo os sinos maviosos

E os teus jardins olorosos

Que te dão tanta beleza!

Amo as igrejas dos montes,

Amo as tuas velhas pontes

Que fazem lembrar Veneza.

Admiro o candomblé,

E o zabumba do José,

Torrentes de poesia!

Amo a face angustiada,

Da imagem cobiçada

Do Senhor da Pedra Fria.

Admiro a Matriana,

Aonde em fins de semana

O povo vai repousar;

E adoro o Barro Vermelho,

Que fez do rio um espelho

Onde vive a se mirar.

Eu gosto dos Penitentes

Que contritos, reverentes,

Rezam por todos do além.

- E é com orgulho que falo

Na dança de São Gonçalo,

Que nos encanta e faz bem.

Eu adoro as procissões

Que povos de outros rincões

Não deixam de acompanhar;

E os teus velórios cantados

Que nos deixam encantados

Esquecidos de chorar.

Amo ao Samba de Tropelo,

Coco, Forró e Martelo,

Bacamarte e Batalhão;

E as tuas garotas belas,

Cantando trovas singelas

Nas rodas de São João.

Amo a vista deslumbrante,

E a brisa acariciante

Do morro de Bom Jesus;

O Serra-Velho, dioso,

E o mês de doloroso,

Que aos namorados seduz.

Adoro o teu céu de anil,

Amo o teu povo gentil,

Amo tudo que é de ti;

Eu amo os tamarindeiros

Eu amo os velhos coqueiros

Onde canta o bem-te-vi.

Admiro os Caboclinhos,

E os Negros do Rei Raminho,

Lamentando o cativeiro;

E a cantoria bonita

Da turma de João de Pita,

No dia seis de janeiro.

Adoro os velhos sobrados,

Aonde em tempos passados

Se cultivava o lirismo;

E os bancos da Conceição,

Onde sentou-se a paixão

No tempo do romantismo.

Adoro a rua Direita,

Porque quanto mais se ajeita,

Fica bem mais sinuosa;

E o Alto do Xavier

Que mostra pra quem quiser,

O quanto és majestosa!

Minh’alma também é louca

Por ti, cidade barroca,

Residência do saber;

Terra de João Ribeiro,

Meu amor é verdadeiro,

E te adoro até morrer!.

João Sapateiro, 31/03/1950 - Site by Joselito J. Franco " Koka "

João Sapateiro
Enviado por João Sapateiro em 25/10/2009
Reeditado em 15/08/2010
Código do texto: T1886192
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