MERISMA PARA OS POETAS

São como   pombos arrulhando um aréu
Pousados entre as ramagens da indecisão;
Numa aresta, onde a luz prisma em cores
Suplicando com tal canto, a salvação!

Num pensamento fraco, e como ébrios
Que se perderam numa eira espurcícia
Esperam com ansiedade no espólio
De um essênio que pra lutar teve perícia!

Mas quem  foi  o ludador, bravo e indolente
Frutífero com sua espada em ação?
Só podia ser um Rei, e cuja força
Fosse  mais impetuosa que um tufão!

Mas por trinta moedas de prata foi traído!
Advindo a ação da feroz grazinada!
Entretanto do seu sofrer veio o merisma,
Que aos poetas hoje dá a pratalhada!

Crendo eles num luzidio prometido
Aguardam as indúcias almejadas,
E mesmo presos a um galindréu embrutecido,
Elevam a este excelso, as mãos cansadas!


POEMA DE  I. COIMBRA  OLIVEIRA (LUZIRMIL)  PUBLICADO NA III ANTOLOGIA DE POETAS DE RIBEIRÃO PRETO EM 2003, NÁ PÁGIAN 61