Folclore e Lenda II

No rastro encantado da lenda brasileira

Da Mula Preta, Mapinguarí e Matinta-Perêra

Do conto de Negro e de Índio que encanta a língua e segue falado

Mora o segredo contado de antepassado, Folclore quase apagado

Pinto Pelado, bicho endiabrado que anda desengonçado

Mão Peluda pra quem não tem medo de defunto enterrado

Arranca-Língua, homem-macaco que mata boi de porrada

Curaganga, cabeça de fogo fora do corpo que ataca a dentada

No Satarém do Lago Grande surge a visão do Pirarucumbóia

Sedento de morte com corpo de peixe e cabeça de cobra Jibóia

Na água escura do rio segue em frente, a diante

A Canoa-Fantasma que leva alma penada de Bandeirante

Orelhudo Papa-Figo come fígado de criança no nordeste

Na caatinga pra dar o bote de tocaia no romeiro do agreste

Lobo Quibungo do Congo e Angola meio homem, meio bicho

Faz cabra macho no beco escuro ouvir gemido e soltar o grito

Jagunço canta a Cuca, Bicho-Papão e o Cangaceiro Lampião

Zaoris de olho brilhante na Sexta-feira da Paixão

Mão-de-Cabelo que perambula pela madrugada em vão

Quando sai varado Lobisomem atrás de Cabrunco Lamparão

Solta fogo pela venta a Cabra-Cabriola

Capitão do Mato atrás do fugido nego Quilombola

Oxalá não faz nada de mal com moleque malcriado

Que no canto do quarto se caga todo arregalado

Caça moço pra casar na eternidade a Viúva-Vem

Feitiço de Pajé que vira Zumbi com cem anos no além

Morubixaba Cacique, gênio do mal, chefe de temporal

Barba-Ruiva pega moça desavisada que quara roupa no varal

Nas bandas lá do sul tem o Negrinho do Pastoreio

Escravo surrado e pelado, quase morto dentro do formigueiro

Terra do Romãozinho que vaga na estrada a espantar boiada

De soslaio a gente vê o menino deixar a cama mijada

Em Noronha, Alamoa, mulher linda que flutua na areia

Enfeitiça mancebo com olho de pranto no canto de Sereia

Na tempestade da Pedra do Pico por onde alheia vagueia

Como Medusa danada transforma pelada seu amor em caveira

Nas Alagoas, Cachorra da Palmeira filha rica do coronel

Faz peão bom de fogueira, prosa e viola sair de tropel

Espia de longe no mato só de pata traseira a Onça-Maneta

A Porca dos Sete Leitões que espreita no muro atrás do pátio da igreja

Na cidade grande a Moça de Branco assusta o fedelho

Mulher de Algodão de gillette cortada que aparece no espelho

Loira do Banheiro de sangue na boca, caí de joelho

Lenda urbana que assombra o colégio em pleno recreio

Mito do Bicho-Homem, do Cresce-Míngua e do Gorjala

Boneco de Pano, Cabeça-Satânica, Maçone, tudo fantasma

Qual Pilão-de-Fogo, Haja-Pau, Dona Beija e Cavalo das Almas

Lenda e magia dessa terra linda, querida e ilustrada.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 11/05/2007
Reeditado em 17/05/2007
Código do texto: T483679