Cuié de Pau

Para Zé Fulô (Meu lado Matuto)

Cuié de pau

Nas palavras do matuto Zé Fulô

Instrurdia inscutando

no meu radim véi de piha

uma dotôra falando

dos pirigo pra saúde

das coisa que a gente usamo

e que pode fazer mau

estava lá condenada

a pobe cuié de pau

Que essa tal cuié de pau

-dizia a moça instruída-

pode fazer muito mau

para a saúde da gente

por ser de um materiá

que por mais limpo que seja

insconde umas coisinha

que vivi na natureza

Umas tá de bacatéria

que faz muito mau a gente

é tão piquena a miséra

que o zói num pode inxergá

só cum oclus ispisiá

usados pelos dotô

é que se ver esse bicho

miúdo e mau feitor.

Oi, mermo sem eu tê istudo

gosto de apreciá

esses gogó de viludo

qui parecem inté cantá

quando instão a insiná

cum grande sabidoria

essas coisa importante

da ciença dôje in dia

Maí condená a cuié de pau

tumbém num acho correto

quem lhe deseja tão mal

num sabi do seu valor

do seu frejo de amor

cum as cumida bem feita,

e dizer qui ela faz mau

eu acho inté disfeita.

O fejão de vó Vintura

mixido cum cuié de pau

inspaiava nas altura

um chêro bom que inchia as venta

de dez ou mais de noventa

e era tão ispisiau

que eu acho que o maió insenso

era a cuié de pau.

Fio, neto e bisneto

cumero desse fejão

e isso eu digo de certo

arroz,fava,leitão

galinha, galo, capão

e nunca passaro mau

e essas cumida tudim

feitas cum a cuié de pau.

Essas cuié deferente

de fino materiá

faíscam no zói da gente

e são de fina beleza

infeitam cuzinha e mesa

mas nunca serão iguau

nunca terão a puisia

qui tem a cuié de pau.

Minha pobe cuié de pau

num quêra mau essa gente

eles num fazim por mau

mas eu acho que na verdade

num tinha nicissidade

dessa disconsideração

tratar vancê desse jeito

me dueu o coração

Mermo sendo um matuto

adimiro o istudo

os dotô, os home curto

cheios de ingenhosidade

das tal de niversidade,

e qui num me levem a mau

por num aceitá disfeita

pra boa cuié de pau.