Vida na cidade


Na mão a cuia do mate
Na alma a solidão
Uma saudade que bate
Rasgando o coração.

Quando chega a tardinha
E o Sol distante se vai
Pego na minha gaitinha
Que ganhei do velho pai.

Abro o fole faço um verso
Pra distrair essa tristeza
De viver assim disperso
Porém com uma certeza.

De que a felicidade
Que eu vivo a procurar
Não se encontra na cidade
É melhor aqui ficar .

No catre improvisado
Lá no canto do galpão
Distraio a pionada
Tocando o meu violão.

Enquanto na chapa quente
Do nosso fogão tropeiro
O cheiro alerta os viventes
Pro charque do carreteiro .

A vida de campo é boa
E não quero me queixar
Mas se vive muito átoa
As vezes penso em largar.

Mas deixar esta liberdade
Pra viver emparedado
É muita insanidade
Vamos deixar combinado.

E viver lá na cidade
Na minha opinião
É perder a liberdade
Pra viver na opressão.

As modernas moradias
Mais parecem um caixão
Chegam e me dar agonia
Prefiro o meu galpão.

Meu mundo é campo aberto
Meu teto é o céu de estrelas
Viverei aqui por certo
Enquanto eu puder vê_las.

Maria Cezar POA,_RSn