ÚLTIMAS PALAVRAS DE UM VELHO PAISANO

I.

Há quem ache que vida de campo

É só encanto e desconhece esta sina.

Ensina muito bem a terra quem dela

Faça depender toda a sua vida.

Ela te dá e também te tira.

A ira? Não só dos Céus vem.

P'ra quem não fala co'a natureza com certeza

Há de padecer muito sobr'este chão.

II.

Traigo no rosto marcas que são caminhos

Destinos que com o tempo percorri.

Se vi - nessas agruras tantas amarguras

Foi este livro que me coube e onde aprendi.

Como tantos sob o jugo de ser peão, nasci

E perdi - das mãos envelhecidas e calejadas,,

As apagadas linhas da vida que um dia

Alguma cigana era capaz de se ler!

III.

Mas levo n'alma preservada o elo de ancestrais

Memórias tais que tempo nenhum consome, i da que queira.

À beira está o homem, filho de seu tempo que o vento

O desfaz, feito redemoinho quando ergue poeira.

Meus limites sempre estiveram além da porteira.

Tropeia assim muitas vezes o índio as andanças

E se lança, solto às reglas ou a lei, eu sei!

À vida livre solta dos campos!

Aos meus passos esses rumos serão dados

E certo estarei!

(*poesia de inspiração no versar gauchesco)

Leonir Garcia
Enviado por Leonir Garcia em 06/09/2021
Reeditado em 27/08/2022
Código do texto: T7336285
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