Ingrato Amor

Eu sou gaúcha, sou exímia campeira.

No verde prado o silêncio ecoando

Meu cavalo ruano troteando

Com ele a saudade vai galopeando

Montada na minh’alma bem altaneira!

Com a lida do campo acostumada

Do romper da aurora ao sol se pôr.

Sou forte, porém delicada flor.

Mulher de fibra e de imenso valor

Amo muito e também sou amada!

No horizonte de graça singular

Surge a lembrança, doce olhar trigueiro,

Daquele que foi o meu amor primeiro

Aquele amor de beijo tão traiçoeiro

Que partiu não querendo mais retornar!

Na vida, um dia se encontra o saber.

E ele que machucou meu coração

Que parecia ser puro quão algodão

Parte na curva e na poeira do estradão

E enfim, na distância, até desaparecer!

O tempo que a tudo há de transformar

Fará lembrar que pra vida eu renasci...

Não quero pensar no quanto já sofri!

Feliz eu serei, por fim o esqueci.

Livre pra amar, ele há de me encontrar!