REVIRANDO AS ENTRANHAS
Revirando as entranhas da alma forcejada, inculta e à toa
pelo versejar da nau que vagueia errante pelo universo
e iça as velas brancas aos ventos do sonho maluco, e voa...
e se deixa ficar à deriva, ao sabor do mar do próprio verso.
Passageiro que na agonia do mar revolto, encapelado
se atordoa pelos rumos do timoneiro incauto e corajoso
sente medo de si mesmo, do mar de sua dor, mar dourado
e se engana pondo em outros ombros o peso do seu dorso.
Não importa se há medida para sua expressão mais rouca,
nem se o ritmo denuncia cadência e se a forma é precisa...
já disseram certa vez que na vida há imprecisão, é louca.
É a isso que eu chamo poesia, esse dedilhar na emoção
extraindo notas inéditas de sua partitura mais indecisa
que se veste de sonho, medo, alegoria, fantasia e ilusão!