REVIRANDO AS ENTRANHAS

Revirando as entranhas da alma forcejada, inculta e à toa

pelo versejar da nau que vagueia errante pelo universo

e iça as velas brancas aos ventos do sonho maluco, e voa...

e se deixa ficar à deriva, ao sabor do mar do próprio verso.

Passageiro que na agonia do mar revolto, encapelado

se atordoa pelos rumos do timoneiro incauto e corajoso

sente medo de si mesmo, do mar de sua dor, mar dourado

e se engana pondo em outros ombros o peso do seu dorso.

Não importa se há medida para sua expressão mais rouca,

nem se o ritmo denuncia cadência e se a forma é precisa...

já disseram certa vez que na vida há imprecisão, é louca.

É a isso que eu chamo poesia, esse dedilhar na emoção

extraindo notas inéditas de sua partitura mais indecisa

que se veste de sonho, medo, alegoria, fantasia e ilusão!

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 27/05/2008
Código do texto: T1006908