A morte do artista

O meu quarto vazio jaz na penumbra.

Todos os espelhos estão quebrados.

Um velho me visita todas as noites

E me rouba os olhos e os sonhos.

Sofro dentro da noite atroz

Ou contemplo o sofrimento no sono,

Longínquo, entre as estrelas do abismo.

Não tenho mais contato com o chão da vida.

Cortei as minhas mãos inúteis,

Jazem no fundo da água pura dos rios do tempo.

Não me servem mais. Tocaram a beleza

E perderam-na. As ondas vêm e vão, com sangue.

O meu jardim canta ao sol, com flores e pássaros.

Eu é que não sirvo mais.