Etéreo

Na linha contínua que divide o céu e o mar

Que eu via dali, da beira da praia

Tentei fazer poesia

Meus olhos parados

Através do vidro do carro

Ali estacionado

Toda imagem refletia

Mas era só você que eu via

O vento soprava e dizia

Em meu ouvido

Tudo o que eu queria dizer

E repetia mais alto

Mais forte e profundo

Repetia, repetia

Mas nenhum som saía

Minha boca não se abria

Meu coração gritava

E se embriagava, se afundava mais

Num poço de veneno que não mata

Nem serve pra nada

Ele gritava e ninguém ouvia

Gritava mais alto e morria

Minha voz, um sussurro vazio

E era só você que eu via na arrebentação

A espuma das ondas veio e lavou teu rosto

Lavou minhas palavras

Lavou tudo o que eu via

Quando era só você que eu via.

Evana Ribeiro
Enviado por Evana Ribeiro em 04/06/2008
Código do texto: T1019747
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