Etéreo
Na linha contínua que divide o céu e o mar
Que eu via dali, da beira da praia
Tentei fazer poesia
Meus olhos parados
Através do vidro do carro
Ali estacionado
Toda imagem refletia
Mas era só você que eu via
O vento soprava e dizia
Em meu ouvido
Tudo o que eu queria dizer
E repetia mais alto
Mais forte e profundo
Repetia, repetia
Mas nenhum som saía
Minha boca não se abria
Meu coração gritava
E se embriagava, se afundava mais
Num poço de veneno que não mata
Nem serve pra nada
Ele gritava e ninguém ouvia
Gritava mais alto e morria
Minha voz, um sussurro vazio
E era só você que eu via na arrebentação
A espuma das ondas veio e lavou teu rosto
Lavou minhas palavras
Lavou tudo o que eu via
Quando era só você que eu via.