À mulher amada
Minha santa, minha amada
Sempre a minha espera
Noites insones, só na janela
A espreitar a rua vazia
Tinhas o olho na esquina
Só davas prumo ao coração
Ao me ver surgir cambaleante
Encharcado de chuva e álcool
Descia escadas, abria portões
Oferecia-me o ombro muleta
Ajoelhava-se aos meus pés
Esforçava-se para me tirar os sapatos
Ajoelhava-se aos pés do santo
Implorava para me tirar os pecados
Sapatos sim, pecados não
Por desprezar a mulher amada
Fui condenado à escuridão