As quatro estações: Outono e Inverno
III. Outono
Desvanescer
Ah, meus doces sonhos!
Ilusões mornas e filhas
De minha alma.
Como as espumosas
Ondas desse mar,
Esvairam-se meus sonhos todos
Na realidade salgada.
A quê meu pobre
E frágil espírito
De humano imperfeito,
Poderá depositar
Um pouco de seu sopro de vida?
Foram tantas as dores,
Tantas as esperanças infrutíferas,
E meu dilacerado corpo
Já não suporta mais
Abrigar essa minha
Existência despedaçada.
Ah, Moira cruel!
O quê fez essa alma mortal
Para merecer tamanho fel?
E que farei de mim,
Esse indivíduo,
Que junto com a ventania,
Deixou largados
Seus últimos desejos vitais?
IV.Inverno
Redenção
Pensei não ter mais nada
A que minha existência
Moribunda pudesse se agarrar,
Desejei, por vezes, ser levada
Por algum anjo piedoso
Que com suas asas,
Carregasse-me para o infinito.
O egoísmo de meus pesares
cegaram-me para as mãos
Estendidas diante de mim.
Perdão, meus tão doces
Anjos terrenos!
Perdão por ignorá-los
Durante tempos.
Só vós tendes o poder
De elevar novamente
Meu fragmentado e
Desacreditado espírito.