As quatro estações: Outono e Inverno

III. Outono

Desvanescer

Ah, meus doces sonhos!

Ilusões mornas e filhas

De minha alma.

Como as espumosas

Ondas desse mar,

Esvairam-se meus sonhos todos

Na realidade salgada.

A quê meu pobre

E frágil espírito

De humano imperfeito,

Poderá depositar

Um pouco de seu sopro de vida?

Foram tantas as dores,

Tantas as esperanças infrutíferas,

E meu dilacerado corpo

Já não suporta mais

Abrigar essa minha

Existência despedaçada.

Ah, Moira cruel!

O quê fez essa alma mortal

Para merecer tamanho fel?

E que farei de mim,

Esse indivíduo,

Que junto com a ventania,

Deixou largados

Seus últimos desejos vitais?

IV.Inverno

Redenção

Pensei não ter mais nada

A que minha existência

Moribunda pudesse se agarrar,

Desejei, por vezes, ser levada

Por algum anjo piedoso

Que com suas asas,

Carregasse-me para o infinito.

O egoísmo de meus pesares

cegaram-me para as mãos

Estendidas diante de mim.

Perdão, meus tão doces

Anjos terrenos!

Perdão por ignorá-los

Durante tempos.

Só vós tendes o poder

De elevar novamente

Meu fragmentado e

Desacreditado espírito.

Ursel Schwartzinger
Enviado por Ursel Schwartzinger em 19/06/2008
Código do texto: T1042303
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