Domador de palavras

Quando encontro um verso

Ele me vem inteiro

E o faço prisioneiro

Do meu pensamento e poesia.

Quando ele esperneia frenético,

Tentando se libertar,

Eu o aprisiono, cético

De que possa se adequar

Ao meu fazer poético.

Mas logo se torna manso

E de tal modo eloqüente

Que se presta ao desafio

De um versejar diferente

Daquele que pretendia.

Nesse estica e encurta,

Nesse torce e retorce,

Há uma luta bravia:

O verso que se esguia

Da ousada mão que o lavra,

E eu, domador da palavra,

Construindo a poesia.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 01/07/2008
Código do texto: T1060758
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