Desvario

Na divisa entre a vida e a morte

Sem saber o que é azar ou sorte,

Estava lá a esperar que o árduo tempo

Viesse a trazer respostas ao lamento.

A alma como sempre tão covarde

Se desviando ao desejo da carne,

Que ruge como fera ante a presa

Seguindo a voz de sua natureza.

Que firme ao ponto de se corromper

Cadeia alimentar a nos dizer

Que o topo está acima do querer

E o medo faz com que me sinta tonto.

Em meio a cadafalsos deste conto

Que conto sem saber do que eu falo

Um resmungo vem da alma e me calo,

Tentando ignorar o que mais quero.

Lembro-me vagamente de um Nero

Que inflamou seu próprio coração

E de repente aquela combustão

Se tornou uma história conhecida.

Palavras que me tocam na ferida

Me deixam encabulado em frente a morte

Pois sem saber se tenho azar ou sorte,

Descubro que há mais coisas na vida.

Partindo de um ponto no infinito

Com destino ao novo, sem endereço

Detenho-me de falar o meu preço

Não sei calcular coisas valorosas

Isto não é que eu seja convencido

Apenas sei que a vida não se compra

Mas se quiserem pôr-me na balança

Verão que mesmo pobre ainda respiro.

Parece que agora ouvi um suspiro

De alguém que entendeu minha mensagem

Então peço um favor, me contacte

E diga-me o que agora eu lhe digo.

Alexandre Fernandes
Enviado por Alexandre Fernandes em 31/01/2006
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