QUERERES II

Não sou poeta. Não, não ouso ser.

Não tenho n'alma a grandeza de um Quintana

Nem de Pessoa a inquietude do saber

Não tenho o amor enaltecido por Vinícius

E em Bandeira, não encontro-me a valer.

De um Castro Alves sonhador e libertário

Tenho a centelha, que me faz ainda crer

Não num milagre redentor que tudo salve

Nem numa chuva repentina de virtudes

Mas nos poemas, que um dia hei de fazer.

Que não esperem dos meus versos coerência

Que não desfiem meu rosário ao bel prazer

mas que se fartem nas tristezas os sedentos

que deles sorvam os sentimentos abundantes

que transbordarem da minh'alma o meu querer!

Quero meus versos azulando o céu cinzento

E que se ponham da minh'alma a voejar!

Que sejam livres da miséria e do egoísmo

que sejam belos como o amor a enaltecer

que sejam sábios, e que valham uma verdade

de que a poesia não tem dono e nem paragem

mas do poeta, é a alma a florescer!

Monica San
Enviado por Monica San em 06/07/2008
Código do texto: T1066931
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