Afogamento

A raiz, de um emaranhado de fiapos,

mais parece um homem

convertido em farrapos

num desespero de bocas e cordas

e gritos sempre não ouvidos,

ignorados, pisados.

O moribundo, por muito vagabundo,

enterra-se nas tripas da terra

em horror descomedido,

de afoiteza pelo nunca tido, oprimido.

Em suas sujas manias de sujo,

afogou-se, antes,

em sua própria sutileza

de querer existir para alguém,

por um dia,

sem se comer por dentro,

por inteiro,

e para ser engolido

pelos próprios vermes

criados no peito do homem raiz

em um átimo, apenas.

Fernanda Barata
Enviado por Fernanda Barata em 11/07/2008
Código do texto: T1075658
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