no naufragio do meu olhar
Tudo se tornou meu alvo,
E não canso de acreditar
Se, fecho os olhos um instante
Parece que a vejo chegar
Nos olhos brotam lágrimas súbitas
Leva a minha face a demarcar
Corre no peito uma carência
Na espera de vê-la chegar
É água corrente que cai
Pois é grande a saudade dela
Vai me machucando cautelosamente
E não sai
Às vezes saio sem rumo
Com um naufrágio no olhar
Vou ao porto, no aeroporto
Fico na rodoviária a sondar
Querendo somente esse momento
O meu naufrágio ocultar
A vontade me deixa assim,
A carência tão persistente
Faz o meu naufrágio renovar
E por mais que eu passe o lenço
Os afluentes não vão secar.
Francisco de Assis Silva é Bombeiro Militar em Roo.