Perdão!

- Padre, traí por muitas vezes, confesso a ti.

(Traíste confessadamente!)

- Se arrependes, cumpre tua penitência:

(Repito: Cumpre tua penitência.)

Dez pais-nossos, vinte ave-marias e mais prudência!

(Doravante, prudência!)

- Padre, de agora em diante, prometo nunca mais trair.

(Não traia novamente.)

Malditos sejam os traidores!

Quem nunca traiu, que atire a primeira pedra!

Indulto, penitência a alguém medra?

Traidores têm cadafalsos como andores!

De soslaio vigiem-se as intenções!

Que não se olhem mais nos olhos.

Vendem-se inconfiáveis corações.

Fiéis? Estes coitados, tolos!

Que vivem de compensações,

com suas barbas de molho.

Nota: Depois de ler alguns comentários, cumpre-me esclarecer que, na verdade, o texto satiriza o perdão concedido por terceiros,mediante penitências, etc., seja em nome de Deus ou de quem mais for. Por outro lado,considera a traição como um estigma humano e, por fim, apieda-se dos fiéis,vítimas, que, também, carregam a potencialidade da traição.

Di Amaral
Enviado por Di Amaral em 30/07/2008
Reeditado em 23/03/2016
Código do texto: T1103912
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