QUIMERAS

Quisera eu ter a sabedoria do matuto

e não uma consciência forjada

ter nas mãos as marcas da enxada

na lembrança os tantos tombos na estrada

e levar n'alma os calos do sentimento bruto!

Que o saber não fosse um bem tão disputado

que sábio fosse aquele por quem a vida floresce

que das mãos caridosas faz brotar uma prece

que pelo amor do passado inda a alma padece

E que sobre a terra derrama suor e cuidado!

Que o homem não quisesse do outro usurpar

que só me bastasse o que de meu eu tivesse

que só me valesse o que a natureza me desse

que dela eu cuidasse e em troca eu pudesse

apenas banhar-me de Sol e Luar.

Que nua eu andasse, sem medos ou visgos

que o corpo não fosse mais que a morada

da alma liberta do que fora embotada

por medos, preceitos, conceitos, por nada

que valha as dores de uma vida sem viço.

Que o verde do campo fosse meu leito

e o céu estampado de belas estrelas

me fosse um presente...e eu pudesse tê-las

não em prisão qual um pássaro em gaiola

mas em minha mão...qual um sonho de outrora!

Que do seu lume incandescente, eu ganhasse

uma chispa que fosse pro mundo alumiar

que de minhas mãos uma tocha brotasse

que de luz estelar um caminho eu criasse

onde em paz os homens pudessem trilhar.

Ah, quem dera meus versos tudo pudessem!

Ah! Quimeras...quimeras de um poetar!

Monica San
Enviado por Monica San em 01/08/2008
Código do texto: T1107745
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