A tarde da eternidade

Nestas longas tardes chuvosas,

sem brilho nem cor alguma,

eu sou outra pessoa.

Também os objetos, os animais e as pessoas

são outros.

E os lugares em que estou todos os dias

parecem-me novos.

Como um peregrino num país distante,

passeio por caminhos incertos;

e olhando

até onde a visão permite,

não encontro ninguém.

Se algum pássaro surge no céu,

parece ser uma extensão de mim mesmo.

Com este ar,

sou tomado por uma amnésia embriagante,

e tenho o privilégio

de ser perdoado pelo tempo.