Tempestade

Lava e escoa o grosso do pó de tantos dias,

esfrega e descasca a camada de hipocrisia,

leva esgoto adentro todo mal e todo fel,

tira do ar os murmúrios de corações

embrutecidos,

quebra os acordes dissonantes,

as verdades estafantes,

as veredas de concreto desgastantes.

Retira todo o lixo fétido,

toda poça imprestável,

toda muda insana.

Corta os reis de paus e pedras,

destrói os ases de um vintém,

descobre os ritos torpes e arranca

os tesouros de vidro opaco escondidos

em sabe quais arranha-céus.

Banha com teu sabor suave a

imensa cidade grande,

esfrega o macio odor do verde mar,

sopra levemente o tênue calor dos tons florais,

amansa o calmo entardecer fortebeleza,

respingando em gotas de anil brilhantes

incontáveis pliques na cúpula infinita e

agora calma e branda do véu escuro e

límpido.

Acima do teu ar e por entre o céu que cai,

novas notas, outras rimas,

sabor de música,

sentimentos,

poesia.

Ligia Pezzuto
Enviado por Ligia Pezzuto em 08/08/2008
Código do texto: T1119669
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