Poeta, um louco acordado sem pernas
A poesia
Gritou-me no papel
Saltou da caneta
E acordou meus pensamentos
Que dormiam numa cama sem espelhos
Empurrou-me da janela do PENSAR
Quebrei as pernas em prosopopéias
E logo depois de cair,
Enlouqueci!
A poesia
Moldou-me curto por fora
E infinito por dentro!
Não posso mais andar
Pois o chão - sensato e imútavel - repudia meus sonhos
Caminho sozinho entre risos extravagantes
Que me soam falsos de puerilidade
E quem me nota na rua com meus passos não-ensaiados
Julga-me estranho e triste
Mas, minha alma já está pra lá destas calçadas... Sorrir!
A poesia
Resumiu minha existência em estrofes
Onde as rimas diziam-me
Um louco acordado sem pernas,
Que por ser louco, sonhava
Que por estar acordado, escrevia
E por não ter pernas, voava!
A poesia e o poeta vieram até mim
E não soube mais como existir
Sem as letras e a beleza
Logo, não sou mais somente eu
E sim, algo entre mim e o poeta...
Transfiguração?
Onipresença?
Delírio?
Não!
Simplesmente,
Poeta,
Um louco acordado sem pernas.