ESTRADAS DA VIDA


Por muitos anos meus passos foram nesses espaços
e nessa terra não havia guerra...
Ouvia-se, lá nas alturas, o canto do galo-da-serra...
Os morros eram territórios para caças com cachorro
e jamais precisamos pedir socorro...
Cada moita de mato supunha um prévio trato...
Embora não soubéssemos, na verdade era um comodato...
A partilha da caça nunca foi ameaça... sobejava...
Nós éramos donos desse mundo sem consciência do que era mundo...
Ele acabava nos píncaros dos morros, onde nunca chegávamos
e, portanto, éramos menores que o nosso universo...
A poeira dessas estradas, em manhãs geladas, fazia com
que nossas narinas ficassem da mesma cor...
Depois conheci outros mundos...imundos...
Perdi a virgindade e a pureza de sentimentos e quando percebi
que as florestas também deixaram de ser virgens senti-me traído...
Meu mundo desmoronou...


nvelasco
Enviado por nvelasco em 21/02/2006
Código do texto: T114400