Lembra-te de mim
Lembra-te de mim
que cuspi flocos de neve
muito antes de que chegasse o frio.
Lembra-te de mim
que abracei a lama húmida
muito antes da invernia.
Lembra-te de mim
que morei no fundo do oceano
dum planeta ermo e seco.
Lembra-te de mim
manhá, quando eu sinta a dor
de querer sair do útero do qual surgi.
Lembra-te de mim
que esqueço as horas de chumbo
espetado numha estaca de ira.
Lembra-te de mim
porque sobrevivo na miséria humana
onde sempre morei.
Novembro 2000