Chuva que falta argumento e tal

Falta de argumento

refuta a chuva,

que me molha,

que me olha cabisbaixa.

Tal chuva que discorda

do lirismo do vento,

o tal que é poema pesado, velho.

Falta de argumento

refuta a chuva,

que se enlaça ao mar,

misturando-se, alcança o ápice,

doce e salgado,

dilui o verde e o azul.

E do oceano ao campo,

a chuva leva

pesadas decisões,

argumentos em falta

pra pedir desculpa.

Chuva que banha

pétalas cheirosas de rosas,

folhas sensatas e toda a flora.

Chuva brava que cora

a minha falta de vergonha na cara.

Falta de argumento refuta a chuva.

Uso luva pra não tocar do coração a dor

e nem dali desenraizar o amor.

Sandra Vaz de Faria
Enviado por Sandra Vaz de Faria em 04/09/2008
Código do texto: T1161574
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