Anoitecendo

Lá no céu se perde a lua

como uma adaga fina, recurvada,

e eu em teus braços, sôfrega e nua

vou ensandecida, perpassando a madrugada.

Quando partires à aurora já chegada,

quero despumar esses momentos ternos,

desterrar da alma todos meus invernos

e esperar anoitecer férvida, esbraseada.

Vou te venerar, sou tua Vênus desposada,

tens em mim o melhor colo; que me tomes

como se fora enrolada, qual serpente,

ou como fera que enterra os dentes

numa carne tenra; sou tua gazela, vês?

Vem me devorar, o anoitecer é de repente...

Golbery Chaplin

Chaplin
Enviado por Chaplin em 26/02/2006
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