Como somos sós

Como somos sós

Rompeu-se, então,

O véu de seda

Azul do céu

Que antes como

Nos guarnecia

Nos vimos, pois

Nus na terra

De modo que

Nos descobrimos

Comuns e primos

Depois de orarmos

Nos santuários

Nos entregamos

Sem mais sabermos

Quê, então, seríamos

Assim, morremos

Ao percebermos

Que não podíamos

Sem mais delongas

Sem velas santas

Nem outras tantas

Abstrações

Sobreviver

Saltando abismos

Caminhos íngremes

Vivendo os vermes

Dos intestinos

Não desistimos

Pois de existirmos

Sem compreender

Sem, pois, mais “ismos”

Sem mitos íntimos

Seguindo os ritmos

Nos divertíamos

E, simples, ríamos

De nós mesmos

Sem ter por quê

(Djalma Silveira)