Rendo-me

Meu vestido meu poema

Que me envolve dissoluto

Me abate em mudo dilema

Devassa tal prostituto.

Pretensioso, pedante,

Arrogante enfastiado

E logo mais adiante

Tão triste tão enjeitado.

Intenso me despe inteira

Extenso de mim se veste

E os versos são só poeira

Nuvem negra morte agreste…

Em cada verbo me mato

E em cada rima me vendo

De tropeço em desacato

Em cada estrofe me rendo.

Raiva, sangue, grito, cura

Atilhos, nós, beijos, laços

Liberdade, sã loucura

Poema fé de meus passos…