Águas,correntes

Nada é definitivo

No código das águas

Mornas, lascivas...

Como os pensamentos.

Movidas pelo vento

Marés insondáveis

Passam por mim

E as pedras passivas

Definham em silêncio

E o vento retorna

E passa frenético

Soprando segredos

Á doçura dos lagos

E assim nunca sei

Quando o sonho se achega

E não quero perder-me

Neste sono entre vales

Sobre restos de um tempo

Águas passarão...

Nessas águas correntes

Pelo desvão da vida

A planície repousa

Rastros de tempestade

É que trago comigo

O estigma de outros tempos

Águas que se agitam

Remoendo saudades

Encortinando o céu

Refletindo as estrelas

...E nas águas os sonhos

Repousam, repousam

E me vem tanto medo,

De perder-me nos vales

E na planície restar.