Primavera

Diz-me Primavera,

deusa-donzela

dos longos cabelos

e seios pequenos

como verdes maçãs:

Onde estão as flores

que me prometeste,

e as cores

dos imensos campos

libertos do inverno,

e os pássaros

onde teriam eles

deixado

seus cantos?

Foi o Vento Norte

que tudo gelou,

ou o ar do deserto

que secou teu riso,

minha alegria,

meu doce bem?

Diz, minha Primavera,

e levantarei aos céus

minha revolta,

soltarei meu brado

com tanto ânimo

que os mares rugirão

e a branca espuma

tocará os céus.

E já vejo as nuvens

correndo loucas

para lá do fim,

do muro sem nome,

como que acordadas

dum longo torpor.

E já ouço os passos

dos meninos

que voltam correndo

puxando

as pipas no ar.

Chegaste enfim

doce Primavera

e a morna brisa

cobre lânguida,

planícies e corpos,

deixando um aroma

de frésias,

canela e mato

em tudo ao redor.

Eugénia Tabosa
Enviado por Eugénia Tabosa em 25/09/2008
Código do texto: T1196963
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