O PULSAR DA PAIXÃO
É preciso mais do que o orvalho ao amanhecer,
depois da tempestade da noite;
É preciso mais do que o pôr do sol
após uma tarde fria;
É preciso mais do que olhares úmidos
ao término das palavras secas.
Não basta só o que deixa dúvidas ou certezas,
que entristece ou dá alegrias,
que se odeia ou tenha amor.
Procuro o durante, o que transforma...
Viver a paixão do caule que beija a raiz e a flor.
Não importa com que cor começa e depois termina,
não interessa apenas o início ou fim.
O caminho é meu endereço.
Desejo o coração das horas e
o tempo circulando nas veias.
O que interessa o sujeito e o objeto direto sem a ação do verbo?
Necessito do movimento, que amarra o mocinho e o bandido,
o bem e o mal na história.
Vejo com atenção a velocidade da bala,
não à arma ou o alvo.
Na porta da chegada ou partida visto-me
com a pele da passagem, com suor no corpo e na alma.
Abraço a humanidade, o que faz e defaz em seus olhos
Assim o medo alimenta-me de coragem e
as perguntas agasalham-se em respostas
que são compreendidas quando comunicam-se
com os extremos conflitantes
encontrados em seus lábios quentes e trêmulos.