O PULSAR DA PAIXÃO

É preciso mais do que o orvalho ao amanhecer,

depois da tempestade da noite;

É preciso mais do que o pôr do sol

após uma tarde fria;

É preciso mais do que olhares úmidos

ao término das palavras secas.

Não basta só o que deixa dúvidas ou certezas,

que entristece ou dá alegrias,

que se odeia ou tenha amor.

Procuro o durante, o que transforma...

Viver a paixão do caule que beija a raiz e a flor.

Não importa com que cor começa e depois termina,

não interessa apenas o início ou fim.

O caminho é meu endereço.

Desejo o coração das horas e

o tempo circulando nas veias.

O que interessa o sujeito e o objeto direto sem a ação do verbo?

Necessito do movimento, que amarra o mocinho e o bandido,

o bem e o mal na história.

Vejo com atenção a velocidade da bala,

não à arma ou o alvo.

Na porta da chegada ou partida visto-me

com a pele da passagem, com suor no corpo e na alma.

Abraço a humanidade, o que faz e defaz em seus olhos

Assim o medo alimenta-me de coragem e

as perguntas agasalham-se em respostas

que são compreendidas quando comunicam-se

com os extremos conflitantes

encontrados em seus lábios quentes e trêmulos.

Naldo Coutinho
Enviado por Naldo Coutinho em 13/03/2006
Reeditado em 16/03/2006
Código do texto: T122433