A mesma janela
porque será que a inspiração
teima em fugir pela janela
a mesma que já foi
veículo de impulsão
em outras tantas linhas
a mesma janela
de onde vejo o Mutinga
antes coberto de verde
e hoje porta-jóias reluzente
no breu da noite que principia
a mesma janela
que abriga pássaros de madeira
na floreira que antes explodia
em gerânios de mil cores
e hoje exibe suave monocromia
a mesma janela
cantada pelo Poeta
e antes tão eloqüente
hoje se mantêm inerte
presa em sua função transparente...