In(Significância)

Ela,inconscientemente, esperava algo previsto

Para todas as manhãs.

Mal sabia desde quando

Ou por qual motivo sua alma, em alarde,

Disparava a colorir-se depois de cada bip.

Era uma ânsia desprendida de razão,

Era um fôlego azul,

Uma rajada viva que se sobrepunha ao rastro farto de tudo.

Não se sabe o porquê seus olhos cintilavam

Uma luz delicada.

Ou porque a pele corava sempre que segurava nas mãos

O aparelho que arrancava com três finos apitos

Seu riso mais inteiro.

Não se sabe o que ela tanto relia,

Sabe-se apenas que depois de longas primaveras

Ela voltou a abrir as janelas da varanda.

A soltar pelos corredores de sua inquietude

A voz doce que havia silenciado nos pátios daquele peito vago,

Cheio de estragos.

Agora alguma melodia leve

Inundava seus cômodos mais reclusos

E algumas asas que dormiam

Quiseram lhe saltar pela boca várias vezes.

Ela estava renascendo,

E por saber-se ainda pequena e não refeita,

Tinha medo de se fazer notar

Ou de notarem sua insignificância secreta.

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 17/10/2008
Reeditado em 11/07/2012
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