REPOUSA MINH'ALMA

Esta alma que agora chora

já antes chorou

encerra em si uma triste história

de amor

vivido e esquecido

olvidado num canto qualquer

como se fosse um esquina

da rua mais lúgubre, mais contundente.

E nesse vértice

das voltas que já deu

um vórtice voraz de dor a consumiu.

Seu âmago desnudo expõe neste poema

cantando a lágrima que hoje rolou

Repousa minh’alma silente.

De nada ousa clamar;

tudo se consumou como previsto

tudo torna a se aquietar.

Quantos arroubos de alegria feneceram

duras penas arrasaram dias de existência

a história foi posta à mostra

neste espaço, sem celebração.

Invente o presente com pequenos mimos

para se agradar de estar viva,

aqui, agora.

Nada parece com os sonhos bons,

ser ímpar em coletividade é cruciante

Que horror!

A hora já passou largamente

repousa minh’alma,

deixa-se estar, relaxa.

E pensa na doce voz que murmurou

acalantos de margaridas mimosas

que estão sempre lá.

Primavera de 2008