VAZANTE
Ah, como conter uma alma
que transborda todo o amor
cabido e descabido...
todo sentimento que aflora
da mais simples aurora
á imensidão do infinito?
Como calar os apelos (in)contidos
tantas vezes armazenados
pelo tempo escasso e corrido
que não permite ser vencido
mas que por outra
cobra que se façam apressados
os ponteiros da vida?
E, que agora...justamente agora
decidem ser hora do grito?
Decidem não mais ser rogados
muito menos esquecidos
e sim atirados aos ecos
em precipícios e abismos
e assim...serem enfim ouvidos!
Ah, não calar...não conter...não guardar...
Apenas fazer valer a voz...a vontade
a agonia atroz, a ansiedade...
e gritar ao mundo seja em verso ou em prosa
que não há nessa vida nada que valha
a dor de uma vida ceifada
o dissabor de tantas feridas abertas
o clamor de tantas almas aflitas
Pois não se pede pra nascer
muito menos marca-se hora pra morrer
apenas ganha-se a chance
a oportunidade bendita
de estar por um tempo sem tempo
em meio ao que há de mais perfeito
Porque ao homem foi dada
toda a perfeição já criada
pra apenas ser observada e cuidada
e dela extrair-se a vida
que o tornaria (o homem)
criatura iluminada...do Criador a obra
mais pura e bem acabada!
Ah, gritar...versar...chorar rios e mares!!
Estancar dores, esgotar meus ardores
e nunca mais...jamais me calar!!!
Por outra...ser um rio em vazante
sempre...sempre em direção ao mar!!