Aspirante da Poesia
Caro interlocutor,
Acho que cheguei a sábia conclusão:
Sempre quis fazer um verso
Mas sou poeta, não!
Poeta passeia lugar que não existe,
Faz da alegria um canto triste
E da tristeza imensidão
Meu caro amigo, poeta não!
Poeta faz vida em letras mortas,
Do firmamento estradas tortas
E enfia um charuto na boca de Deus
Eu aqui, serzinho pequeno
A remoer o meu veneno
De amar demais e ficar só
Não, poeta nunca!
Rasgo umas linhas meio estranhas
Que vão nascendo das entranhas
E digo sempre a mesma coisa
Poeta ouve bossa-nova
E jura que aquela trova
Nasceu música erudita
E o pior, amigo, você acredita,
Tamanha verdade de afirmação!
Eu canto lá o meu sambinha,
Repito que estou sozinha
Em toda estrofe e refrão
Pra sorte sua, caro amigo,
Termino aqui este sermão,
Mas com humildade lhe digo
Sobre esta minha pretensão:
Que de poeta tenho nada
Pois nem essa poesia pequena
Com versinhos de dar pena
Fui capaz de arrematar