Aspirante da Poesia

Caro interlocutor,

Acho que cheguei a sábia conclusão:

Sempre quis fazer um verso

Mas sou poeta, não!

Poeta passeia lugar que não existe,

Faz da alegria um canto triste

E da tristeza imensidão

Meu caro amigo, poeta não!

Poeta faz vida em letras mortas,

Do firmamento estradas tortas

E enfia um charuto na boca de Deus

Eu aqui, serzinho pequeno

A remoer o meu veneno

De amar demais e ficar só

Não, poeta nunca!

Rasgo umas linhas meio estranhas

Que vão nascendo das entranhas

E digo sempre a mesma coisa

Poeta ouve bossa-nova

E jura que aquela trova

Nasceu música erudita

E o pior, amigo, você acredita,

Tamanha verdade de afirmação!

Eu canto lá o meu sambinha,

Repito que estou sozinha

Em toda estrofe e refrão

Pra sorte sua, caro amigo,

Termino aqui este sermão,

Mas com humildade lhe digo

Sobre esta minha pretensão:

Que de poeta tenho nada

Pois nem essa poesia pequena

Com versinhos de dar pena

Fui capaz de arrematar

TXAI
Enviado por TXAI em 18/03/2006
Reeditado em 18/03/2006
Código do texto: T124902