AO MEU CORAÇÃO DE CARNE

Eu sei bem, meu coração,

quanto fiz você sofrer,

quanto de você judiei

desde o primeiro ao derradeiro amor.

Mas entre uma e outra dor

também sei bem que lhe dei

muitos dias de euforia,

no encantamento da emoção,

na ilusão da paixão.

Quantas vezes você disparou

no instante de um beijo,

na hora de uma fantasia,

de um louco desejo,

de uma explosão de alegria.

Até se preocupou

com a imprudência das juras

que fiz em momentos de loucuras,

que foram teu alento

e se tornaram tormento

quando o tempo de amar se acabou.

Mas você prosseguiu batendo

e disparando quando era preciso,

em doce cumplicidade com a libido

que até agora não criou juízo...

Hoje me sinto quites com você

e me vejo no direito de pedir:

diminui seu ritmo aos pouquinhos,

bate mais fraco e mais baixinho,

até parar e me deixar partir...

Sal
Enviado por Sal em 18/03/2006
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