(IN)PRECISO
Preciso de um poema
Preciso desse mel que me alimenta
dessa chama acesa e chamuscante
que me faz mais certa do que errante
mais seta do que cortante
mais leve, mais branda, mais serena.
Preciso-te...
Meu poema alado
Meu verso conjugado
Meu reverso mais versado
Te preciso mesmo que não sejas preciso
sem tua métrica forçosa, sem rimas
nem retas nem tortas...sem que estejas
em mim entranhado...mesmo que sejas simples
como os doces suspiros de mim arrancados
por tuas linhas ao percorrerem minhas sendas.
Preciso ainda, dessa cópula encarnada
do peso das metáforas que vão ao fundo
desse invasor das minhas madrugadas
do sabor acre que me vem ao tragá-lo
do âmago...que arde quando lhe toco e calo
trazendo-te no gozo mais profundo.
Desse poema que me salva de mim mesma...
preciso ainda que seja...um poema mal acabado.