Morreu como um indigente, o meu amor...
Morreu como um indigente,
o meu amor
Morreu,
sem rezas ou coroas
na calçada de uma grande avenida
Ninguém o viu agonizando sob o céu cinzento
de guarda-chuvas ambulantes
Chorou por si mesmo
Sentiu por si mesmo,
apenas
Este amor que foi feito de esperas
Este amor que foi feito de distâncias
E de muita, muita ternura
Morreu,
Morreu como um indigente
Sem nota nos jornais, epitáfio, roupas pretas...
Sem berros de cabeças descabeladas
Em seu enterro, apenas as estrelas mais brilhantes
A lua cheia, dois ou três passarinhos...
E o mar, é claro, seu melhor amigo
Ninguém mais o conheceu
No céu ou no inferno não se ouviu falar dele...
Morreu,
O meu amor morreu,
Tão imenso,
Como se nunca tivesse existido
Deixou de rastro apenas este luto
que mancha de arco-íris meu vestido
Vai ver assim ninguém o reconheça
nas linhas mal traçadas do meu riso