RETRATOS
RETRATOS
Haverá um tempo
Em que o passado estará exposto
no reflexo das cores orvalhadas
nas flores do jardim na janela dos fundos
As goteiras farão as rimas dos versos
que contarão a história
O silêncio que ainda há na casa grande
há entre os odores do curral
O galo que há pouco cantara
propiciou reminiscências
que os roncos dos motores e buzinas,
além do apitar cotidiano da fábrica , apagaram.
Mas, porta adentro
O retrato na parede para sempre
deterá o tempo.
Pela janela,
o que antes um pequeno broto,
agora um grande abacateiro.
E em seus galhos, ao vento, manifestantes
as moradias de joões-de-barro, já vazias...
Passou-me pela memória quantos pios dos filhotes não ouvi.
Porém,
No retrato da memória
ficará um instante do recordado dia
em que, no xaxim,
a esperança fora plantada
das minhas mãos enrugadas,
e em volta...
o dia
ia.