Devaneio

Entrou pela porta noite a dentro e sorria-me.

Tocando-me o pé com a coxa desnuda,

Subiste como que montasse a um cavalo:

- Eu era o eqüino em teu poder.

A visão de tua perna desnuda roubou-me a visão por segundos

Até que o teu rosto roubou-me o tempo de uma vida

E minha vida eu te entreguei num beijo.

Cobri teu corpo nu com meus pêlos e poemas

E as flores cresceram em nosso quarto como que fosse primavera.

Eram rosas. Rosas vermelhas como gostas.

O tempo contigo foram segundos dessa vez

(como sempre são quando a meu lado estás)

E numa piscadela rápida que dei

Abri os olhos... Olhei a volta... Não te avistei.

O colchão da minha cama era agora um deserto inteiro na madrugada

E o oásis do teu corpo eu não mais avistava

Nem tua saliva pra saciar-me a sede eu tive.

Percebi, então, fora um sonho. Pela ausência Tua, um sonho triste.

Tomei água e voltei à cama pensando em Ti

Lembrei dos Teus olhos, coisa linda, e dormi

Pensando: - Deus do céu o que ‘ta acontecendo?

É só saudades ou estou enlouquecendo?