Todas as coisas

Verde mar diante dos meus olhos

movimento sistemático

mesmo que aletório... parece ensaiado

como ondas se movem esses dosséis

Cativa meus ohos

a tão indescritível beleza dessa dança

em que cada folha se entrega

ao compasso que pelo vento é ditado

Majestoso espetáculo

prazeroso aos olhos descobertos

pura beleza e simplicidade

só aos olhos não acostumados

aí passa...

Bananeiras, amendoeiras

todas as formas e tamanhos

frondoroso e vivo verde...

esquelético e morinbundo cinza...

Cada uma tem sua beleza

tem a peculiaridade

que a torna singular

linda...

No misto de tonalidades

diversidade de vida

me trouxe esperança

nesse estranho fim de tarde

onde, na terra do medo, me encontrei

desnecessariamente ansioso,

com o temor de que leve tristeza da saudade

se concretizasse na dor do indesejado

de ser chamado de perturbador

pesado, irrelevante e excedente

o que com tanto cuidado

foi esperançosamente cultivado

Naquela tarde aquilo acabou

pois entendi, ao comtemplar as amigas árvores

que, da delicada rosa no canteiro,

à mais pesada sequóia...

o vento move todas as coisas.