PASSAMENTO

...eis que estou lá, eu

sob os olhares condoídos

que espreitam meu frio leito

eu, justo, sempre avessa aos rituais

e às condolências...com efeito

exposta aos rapapés sepulcrais

do pobre morto

que pela morte é então redimido.

Dirse-a ao final da pantomima

da pobre alma que descanse em paz!

Limpar-se-a a poeira e a fedentina

impregnada das flores "defuntais"

e de todo o resto dos pobres mortais.

Da alma, sabe-se lá o destino...

mas ao fecharem-me cá, em meu descanso

mais que merecido

Serei eu agradecida a estas horas derradeiras!

Em que,

da minha observância transcendental

vislumbrei as chorosas "carpideiras"

que pranteavam o meu passamento...

e, das falsas lágrimas que tanto pesavam

sobre o véu que encobria o meu leito

fiz juízo, ao sorrir o meu sorriso final.

Monica San
Enviado por Monica San em 14/12/2008
Reeditado em 14/12/2008
Código do texto: T1334787
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