PASSAMENTO
...eis que estou lá, eu
sob os olhares condoídos
que espreitam meu frio leito
eu, justo, sempre avessa aos rituais
e às condolências...com efeito
exposta aos rapapés sepulcrais
do pobre morto
que pela morte é então redimido.
Dirse-a ao final da pantomima
da pobre alma que descanse em paz!
Limpar-se-a a poeira e a fedentina
impregnada das flores "defuntais"
e de todo o resto dos pobres mortais.
Da alma, sabe-se lá o destino...
mas ao fecharem-me cá, em meu descanso
mais que merecido
Serei eu agradecida a estas horas derradeiras!
Em que,
da minha observância transcendental
vislumbrei as chorosas "carpideiras"
que pranteavam o meu passamento...
e, das falsas lágrimas que tanto pesavam
sobre o véu que encobria o meu leito
fiz juízo, ao sorrir o meu sorriso final.