No Fim Do Mundo

A linha do horizonte distrai o caos de meus pensamentos,

E o nevoeiro sob meus pés é o esboço do fim

Neste lugar onde os pássaros não cantam mais.

A última brisa da tarde posso senti-la levemente,

Enquanto as estátuas observam brevemente

As súplices lágrimas de meu arrependimento.

Estou a dois passos do abismo da loucura,

E as folhas mortas debatem-se com o vento

Enquanto ouço a melodia silenciosa da morte,

A poesia que não posso suplantar,

E neste instante sou todo solidão,

E minha imagem no espelho um sonho vão

Que nem teus olhos já não podem espertar.

E a ventania passa, rumando para o norte,

Levando consigo meus versos e lamentos,

Junto as lembranças que não posso ressalvar.

A lua, amarelada pelo tempo, espectral,

Rege o momento de meu padecimento,

Meu fantasma insano, entre sombras, imortal,

Que rumo ao nada, tristemente a caminhar,

Cego pela noite e vazio pela falta de amar

Chega ao inferno, onde os pássaros não cantarão jamais...

Danilo Ramos
Enviado por Danilo Ramos em 07/04/2006
Código do texto: T135089