No Fim Do Mundo
A linha do horizonte distrai o caos de meus pensamentos,
E o nevoeiro sob meus pés é o esboço do fim
Neste lugar onde os pássaros não cantam mais.
A última brisa da tarde posso senti-la levemente,
Enquanto as estátuas observam brevemente
As súplices lágrimas de meu arrependimento.
Estou a dois passos do abismo da loucura,
E as folhas mortas debatem-se com o vento
Enquanto ouço a melodia silenciosa da morte,
A poesia que não posso suplantar,
E neste instante sou todo solidão,
E minha imagem no espelho um sonho vão
Que nem teus olhos já não podem espertar.
E a ventania passa, rumando para o norte,
Levando consigo meus versos e lamentos,
Junto as lembranças que não posso ressalvar.
A lua, amarelada pelo tempo, espectral,
Rege o momento de meu padecimento,
Meu fantasma insano, entre sombras, imortal,
Que rumo ao nada, tristemente a caminhar,
Cego pela noite e vazio pela falta de amar
Chega ao inferno, onde os pássaros não cantarão jamais...