FIM DE ANO
Noite de quarta.
Antevéspera de Ano Novo.
Meu apartamento está vazio.
Da janela, vejo o caminhão de lixo
Recolhendo meus dejetos do ano que termina.
Um carro passa.
Não há tráfego
Nesse momento.
Quero dormir.
Não consigo.
Quero escrever.
Me falta assunto.
Não quero pensar.
Me falta coragem.
Grito.
Para quem?
A vizinha viajou,
O comércio agora dorme,
Ninguém vai ouvir
Meu pedido de socorro.
Enlouqueço com o não-tic-tac.
O tempo agora é digital.
Não há ponteiros.
Não há relógio.
Só a noite.