(RE)VESTIR

Apaguem-se as velas

dos velhos castiçais

enterre-se o ranço

das ceias passadas

Nada de fogos artificiais!

Quero o fogo do novo

o cheiro de fábrica

Quero vestir-me de nu

e degustar sabores estranhos

ao meu paladar antiquado.

Quero a surpresa sem caixa

presente, sem laço nem fita

apenas presente

sem futuro, nem passado

nem ponteiros.

E quero um gozo

um gozo de cheiro e gosto

cheiro de corpo suado

de prazer saciado

gosto de pecado

(que ninguém é de ferro)

e os sabores mais ácidos

são também os mais marcantes.

Quero na ponta da língua

a novidade que não se conta

tatear com os dedos

o segredo velado

devorar com os olhos

um lábio molhado

arrancando um beijo

e um pensamento solto

que me faça corar.

E quero tudo isso num brinde

numa taça viva e borbulhante

tilintando um som novo

do hoje...

que finalmente amanheceu

nu e (re)vestido de mim!

Monica San
Enviado por Monica San em 05/01/2009
Código do texto: T1369292
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.