Eternamente

Jamais fui poeta por entender deveras a morte.

Lembro-me de seus olhos segredando os receios

Que a juventude e a beleza traziam mais fortes,

Enfadando-lhe, por conseguinte os medos aos meios,

E repugnando ao léu o futuro, a própria sorte.

Rebelava-te aos torpores dos meus, corpóreos,

Que densos procuravam-te como ânsias denudas,

Levava-me aos delírios com teus tratos, esporádicos,

Com tuas lutas internas de desejos sem juras.

Tu fazias-me triste, n’alma tinhas dor,

A mesma dor dos moribundos frente ao eterno,

Sabendo-lhes a hora derradeira e o inferno

A última morada mais feroz que o amor.

Tu trazias-me inteiro em ti, me tinhas totalmente,

Entregavas-me aos teus caprichos, amando-me lentamente,

E em tuas carnes penetrando quase podia ouvir

Tua voz sussurrando-me:

__ Eternamente ...

Danilo Ramos
Enviado por Danilo Ramos em 11/04/2006
Código do texto: T137150