Do verso ao avesso

Do verso ao avesso

Ainda restam marcas

Das máscaras que retirei

E cicatrizes claras

Como herança das mentiras

Com dor, removi tais carrancas

Arrancando raízes da ira

Que o amor lentamente retira

Com o corte de palavras francas

Como as mortes em mim já são tantas

Entre elas, perdeu-se-me a vida

Prostituta de obras tão santas

Por que espanta-se ao ver-se despida?!

Por que espanta-me a face vestida

De um disfarce que não reconheço

E esta imagem reconstituída

De quem fui - creio – desde o começo?!

Meu pecado é que, às vezes, me esqueço

Poder – sim – ser com sinceridade

Ser eu mesmo, do verso ao avesso

Neste abrigo sem preço: a Verdade

(Djalma Silveira)