O MELRO

Linda canção entoaste,

Quando cheguei à janela.

Eram tais os teus gorjeios,

Que me senti Cinderela.

Afinal, querido melro,

Era à tua companheira,

Que querias agradar

Dessa formosa maneira!

À tarde vi-te a correr,

De preto, p’la relva fora.

Com teu biquito amarelo,

Apressado, ias embora.

Voltas agora a trinar

No meu jardim, ao sol-pôr.

Ao fechar a persiana,

Escuto o mesmo cantor.

Recordas-me o velho melro,

Que o Junqueiro celebrou,

Mas tua família é livre,

Enquanto a outra penou.

Tão perto da minha casa,

Vives feliz sem temores.

É o tempo da Primavera,

Pássaros e seus amores.

Maria da Fonseca
Enviado por Maria da Fonseca em 12/04/2006
Reeditado em 12/04/2006
Código do texto: T137964