RETRATO VIRADO

Poupe me das reticências
pobres traços de vontade
ambiguidade
malidiscências
um misto de angústia e ansiedade

Afaste me das renitências
das lides contra a probidade
do meu eu - esfíngico
incongruências
falanges contra a falsidade

Descobre-me nas penitências
na minh'auto cumplicidade
meu eu labiríntico
veemência
procuro redenção sem santidade

Das mentes mais fraudulentas
devassas de ombridade
sonoridade
obsolescência
são elas que gritam a verdade

Passeio pelas turbulências
um furacão de tranquilidade
fatalidade
"entorpecência"
só tenho comigo mesmo lealdade

No fim das contas
passo o traço
risco o verso
pois quem me julga
no embaraço
é controverso

Fui eu quem caí
entrelaçado
em minha rede
sou a forca sem nó apertado
retrato virado
contra a parede.

 

Edu Silveira
Enviado por Edu Silveira em 16/01/2009
Reeditado em 17/10/2023
Código do texto: T1387513
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